quinta-feira, 18 de abril de 2013

Uma reflexão sobre nossas afeições - Parte 2


Institucionalmente a Igreja Puritana é uma descendente da Segunda Reforma Protestante Escocesa, de um trabalho conjunto do Reverendo Robert Reid Kalley e do Reverendo William Hewitson, ambos membros da Igreja da Escócia no século XIX. Foram, ainda, preciosos ajudadores em nossos primeiros dias, os Reverendos: Charles Spurgeon, do Tabernáculo Metropolitano de Londres, e Robert McCheyne, também da Igreja Escocesa. Fora uma época de muitas batalhas e, embora muitos se afastassem da Verdade, aprouve a nosso Senhor nos sustentar e guiar em uma peregrinação de mais de cem anos, até a Igreja Puritana se reorganizar em 2008, especialmente pelo labor do Reverendo Elmir de Oliveira Júnior, e pela preciosa ajuda de irmãos e congregações de fora do Brasil - todos igualmente herdeiros da Grande Reforma Protestante e das posteriores Reformas Escocesa e Holandesa. Humilhamo-nos e exaltamos nosso Senhor que nesta longa e perigosa jornada, nos preservou no mais arraigado amor pela Verdade, e conservou na Igreja Puritana, a doutrina, a piedade e o culto nos mesmos bíblicos preceitos da Igreja Reformada nos séculos XVI e XVII, na mesma e única fé e prática da Universal Igreja de Cristo em todos os séculos. Assim, o coração dos que estão alistados sob a comunhão na Igreja Puritana Reformada, dotados da certeza de que permanecem na Fé Cristã Histórica e Bíblica, inclina-os a trabalharem diligentemente para que cada congregação da Igreja Puritana seja achada fiel, bíblica, Confessional, verdadeiramente Reformada e ortodoxa.
A Graça do Santo Espírito de Deus nos tem movido para compreendermos intelectualmente, experimentarmos em nossas afeições e praticarmos todo o conselho do Altíssimo, descansando em Cristo Jesus que nos faz, para além de nossos pecados, aceitos diante do Santo e Justo Deus. É uma religião de toda a alma, um interesse pleno de todo o ser aquilo que a Igreja Puritana Reformada recebeu do Senhor quanto ao Evangelho de Cristo. Nisto, ao definir estes profundos desejos de forma objetiva, podemos listar tais afeições ao Senhor e a Sua Verdade, na forma das seguintes aspirações, as quais, em oração, dedicamos, em Cristo Jesus, e em toda a Sua Graça e Misericórdia, diante do Deus Altíssimo.
A maior afeição e desejo da Igreja Puritana Reformada é a Glória de Deus. Descansamos na promessa de que esta glória ainda encherá toda a Terra; contemplamos o Majestoso e Altíssimo Deus, perfeito em todos os Seus caminhos, insondável em Sua mente, cuja vontade não pode ser resistida e cuja mão não pode ser detida. Ele, e somente Ele é digno de toda a glória e louvor, e toda a Criação existe apenas para glorificá-lO. Nele somos chamados a nos deleitarmos, reconciliando-nos com Ele pelo perdão de nossos pecados e pela Justiça que há em Cristo Jesus, gratuitamente, para todos que nEle crêem. A maior afeição e desejo da Igreja Puritana Reformada é a Glória de Deus – é glorificarmos ao Senhor em tudo o que fizermos, e fazer tudo para glorificá-lO. Clama na alma da Igreja Puritana: “Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. Glória pois a Ele, Eternamente, Amém”.
Um subsequente anseio é consequência do primeiro – como saber se as almas nesta Igreja glorificam a Deus? É possível e só é possível sabê-lo pela Palavra de Deus. Eleva-se daí um brado que acende o espírito dos que na Igreja Puritana Reformada se unem: “Santifica-nos na Tua Palavra, porque a Tua Palavra é a Verdade”. A Palavra é a sólida base de tudo o que há na Igreja Reformada, de visão de mundo que esta corrobora, da sua teologia, da sua piedade, do seu culto e da pregação. Na Palavra contemplamos a nosso Senhor, Jesus Cristo, o Alfa e o Ômega, em quem encontramos reconciliação com Deus - Ele é o centro e a substância da Sagrada Escritura, de Gênesis ao Apocalipse. A Igreja Puritana anseia pela Glória de Deus, e contempla esta Glória em Cristo Jesus, por meio da Sagrada Escritura. Portanto também clama a alma da Igreja Puritana: “oh, quanto amo a Tua Lei! Quão doce são as tuas Palavras ao meu paladar! Mais do que o mel à minha boca.”
Desta outra afeição puritana todas seguem. Da Escritura aprendemos a amar a presença de Cristo e desejar a Sua visitação, pela Palavra recebemos a forma dos sinais visíveis da nossa espiritual união nEle, a visível manifestação do que Cristo invisivelmente opera em nós, através dos quais a presença do Seu Espírito se faz especial dentre o Povo, nos quais somos selados, nos quais somos nutridos, nos quais somos renovados pela Graça. A Igreja Puritana ama profundamente, portanto, os sacramentos e ordenanças da Aliança com o Senhor: o Batismo e a Ceia. Como o eunuco etíope, recebemos, cheios de júbilo, os Sacramentos do Senhor.
Quando da Ceia do Senhor o Apóstolo São Paulo diz: quem come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria destruição. É necessário examinar-se antes de tomar lugar à Mesa do Senhor. Mas, se desobedientemente andamos em nossos caminhos e não honramos o Santo Nome de Cristo, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. Amando ao Senhor e a Seu Povo, a Igreja Puritana aprendeu dEle esta disciplina e encontra nisto outra grande afeição: a ordem e a disciplina no culto e na vida, zelando em tudo para que os que estão unidos como Igreja Puritana não sejam condenados com o mundo; mas, ainda que com sofrimento e dor, com repreensões e admoestações, com sanções e com auxílios, sejam amoldados a semelhança de Cristo Jesus, nosso Mestre e Senhor, o primogênito de um Povo Eleito, de uma Nação Santa.
Ao que clama em mais um brado a alma Puritana: Santidade ao Senhor! Servimos ao Majestosos Deus exaltado em Santidade, cuja Glória em Santidade é tão absoluta que nem os Santos Anjos O podem contemplar. É o poderoso Deus que diz: Anda na minha presença e sê perfeito. Oh, que grande é o desejo da Igreja Puritana Reformada por Santidade! Ser separado do mundo e dedicado ao Senhor, consagrado para Seu Serviço, oh que grande anseio por isto! Que grande afeição pela beleza da Santidade do Senhor que vislumbramos na glória excelsa das ordenanças do Evangelho, na pureza e simplicidade da Sua Igreja, no Seu doce e suave jugo, no poder da Sua Palavra! Quão glorioso nosso Senhor a reinar em Seu exaltado trono, cheio de toda Justiça e Retidão, perfeito em todos os seus caminhos, governando dos altos céus sobre Seu Povo e Reino.
E que grande ódio ao pecado há de ser encontrado no seio da Igreja Puritana! E que pesada convicção de erro, que doloroso arrependimento há de ser encontrado quando, pela pregação, pelo confronto com a Palavra, se é achado anátema. Ressoa então na alma do crente: "...tereis nojo em vós mesmos das vossas maldades e das vossas abominações" [Ezequiel. 36.31]. Há verdadeira e agradável quebrantamento e penitência em se abominar o pecado! E a isto nos conclama o Senhor - à um coração contrito! Não sentimos todos um asco natural pela podridão? Há homem são que deseje pôr-se à mesa para jantar, se nas travessas e pratos sobejam excrementos e cadáveres tomados de vermes? Há homem são que aspire ter seu corpo tomado de úlceras vertentes e inflamadas? Pois muitíssimo mais deve nossa alma se encher de nojo para com a podridão do pecado! Muitíssimo mais temos de ter ânsias e tremores ao contemplar as virulentas feridas que o mal causa em nossas consciências! Não se pode comer da mesa do Rei e da mesa dos porcos ao mesmo tempo! Não se pode ocupar um lugar nas bodas do Celestial Noivo e nas imundícies do monturo ao mesmo tempo! Oh, a que claras e firmes afeições Cristo nos chama: detestar a própria vida por amor a Ele! Detestar até a roupa manchada de pecado, lançar fora nossas vestes rotas e sujas, e receber dEle vestes novas e limpas.

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